12/31/2022

O ano só acaba quando termina

O ano, assim como um jogo de futebol, só acaba quando termina, ou seja, até o apito final, até a meia-noite do dia 31 de dezembro, muita coisa pode acontecer. Podemos ter prorrogação e disputa por pênaltis. Podemos perder a Copa do Mundo. Podemos ter a fuga de um presidente. Podemos ter  e o falecimento de um Rei e de um Papa. 

Tempos atrás eu compus uma paródia da música Bella Ciao (Série La Casa de Papel, da Netflix). 

O momento político era crítico, Sergio Moro deixava o ministério da Justiça e Lula voltava à cena política. No vídeo, no qual lancei a paródia, com auxílio de um amigo corajoso, deixava claro em qual bandido votaríamos nas eleições deste ano: no bandido que havia sido preso mas que dera poder de compra as empregadas domésticas e incentivou a cultura e educação ou no bandido que estava louco para ser preso dado o grau de insanidade de fake News que vinha lançadando. No vídeo ainda falei que enquanto Lula e José Dirceu estivessem vivos não haveria uma terceira via competitiva. Hoje, com um dos bandidos eleito, trago uma nova versão da paródia Bozo Ciao:

No voto impresso, se apegou.
Bozo, ciao! Bozo, ciao! Bozo, ciao, ciao, ciao!
No voto impresso, se apegou.
A fake News lá trás lançou.

Bozo cantou essa bola desde quando foi eleito, na qual a desconfiança e a insegurança nas urnas eletrônicas foram o alvo principal de publicações de fake News, vide a "auditoria independente" da contagem dos votos, após a eleição presidencial, ocorrida em terra neutra.

Pregou a pátria, pregou família.
Bozo, ciao! Bozo, ciao! Bozo, ciao, ciao, ciao!
Pregou a pátria, pregou família.
Na fraquejada fez a filha.

O termo Patriota ficou muito próximo do idiota porque a camisa da seleção passou a ser de protesto, as fachadas dos quartéis passaram a ser acampamento e intolerância passou a ser sinônimo de inteligência. 

Pregou um deus, sempre acima.
Bozo, ciao! Bozo, ciao! Bozo, ciao, ciao, ciao!
Pregou um deus, sempre acima.
Mas o que é que a Bíblia ensina?

Tive a capacidade e ousadia de fazer uma lista com cinquenta nomes de pessoas do meu vínculo que apoiam o Bozo. Alguns, que são contra a liberação das drogas, consomem maconha e cerveja em excesso; alguns, que são contra a corrupção, fazem gato no imposto de renda; alguns, que pregam a família tradicional conservadora, tem comportamento abusivos com suas famílias e esposas.

Sua bandeira, a intolerância.
Bozo, ciao! Bozo, ciao! Bozo, ciao, ciao, ciao!
Sua bandeira, a intolerância,
Pagou jabá pela ganância.

O Bozo mal saiu e o desmantelamento da Jovem Pan foi total e o consumo de conteúdo virtual gerado pelo Brasil Parelo despencou. Que previsível. 

Em continência, em resistência.
Bozo, ciao! Bozo, ciao! Bozo, ciao, ciao, ciao!
Em continência, em resistência,
Faltou ao mito inteligência.

Já passou a Copa do Mundo, já passou o Natal e, alguns militantes bolsonaristas resistem em acampamentos, batendo continência e, devendo ao Mito Fujão, uma obediência incompreensível com o consolo que, agora, não é por ele, mas pelo Brasil.

Tocante a isso, ó capitão 
Bozo, ciao! Bozo, ciao! Bozo, ciao, ciao, ciao! 
Tocante a isso, ó capitão, 
Tá tudo ok, não chora não!

Bozo perdeu para um bandido que, assim que concluído o resultado das eleições, noventa e três líderes mundiais lhe deram boas vindas e declararam apoio ao país que havia ficado de fora das grandes alianças mundiais nos últimos anos.

E na nova faixa, virá escrito
Queremos livros e não os tiros.

Uma nação de verdade é construída através do incentivo à educação e à cultura. Porém, contudo, entretanto, todavia, não obstante, com a eleição do bandido que já conhecemos,  o Brasil é um país que tudo para dar certo, mas a chance de dar errado é de 100%.

Segundo o Rei do futebol, Pelé, "o povo brasileiro, ainda pouco interessado em política, é despreparado para a escolha de seus dirigentes: ainda se vota pela amizade, não se escolhe o candidato pelos seus méritos".

E, como  disse o Papa Bento XVI: "o amor supera a justiça. Justiça é dar ao outro o que é dele, amor é dar ao próximo o que é meu".

Feliz 2023!

Grande abraço, 

Eduardo Caetano

Foto: Faixa Presidencial 
Fonte: www.valor.globo.com



10/25/2022

O Afegão Médio

        “Eu amo a Jovem Pan”, diz a imagem publicada nas redes sociais por muitas pessoas nesta última semana. logo, quem a ama, aceita e concorda ser chamado de Afegão Médio por Emílio Surita, apresentador, comunicador e líder da trupe do Programa Pânico. Talvez o Afegão Médio não saiba o que seja uma trupe por não prestigiar apresentações de teatro e circo.

        A saber, a sugestão para eu escrever sobre a “Censura” da Jovem Pan veio da frase um tanto quanto irônica: “Gostaria de ver aqueles belos textos comentando sobre este assunto”. A beleza do texto, deste ou outro qualquer, está na forma da escrita de quem o faz e nos olhos de quem o lê. Pode haver beleza e poesia no texto sobre corrupção, assassinato, traição, genocídio e até fascismo.

        Primeira consideração: os vídeos que chegaram até mim referente às análises sobre a chamada “censura” eram, quase todos, da Globo News. Uai, o Afegão Médio não assiste Globo, mas ao falar da Jovem Pan não teve outra saída e este mesmo Afegão Médio gosta de assistir o seu futebol pelos canais de mesma Globo. Dado que a Globo tem exclusividade de transmissão para Copa do Mundo de Futebol, como farão para assistir o seu menino, Garoto Propaganda - Ney, cair em campo?  Por falar na Vênus Platinada, incomoda-me o fato do Afegão Médio médio gritar aos quatro ventos que a Globo é um Lixo. Ao falar isso, chama-se de lixo cada ator, diretor, operador de áudio e imagem, repórter, jornalista, editor, roteirista, estagiário, porteiro e qualquer outra pessoa que componha seu vasto quadro de funcionários. Logo, se eu consumo seu conteúdo, se eu consumo lixo, tornar-me-ei um lixo. Tornando-me lixo, logo, o que produzo é lixo, seja no setor aeronáutico, pastoral ou acadêmico. Será mesmo? Se eu consumo lixo e produzo coisas boas, e os fatos e os dados e as obras e os projetos comprovam isto, este que vos escreve passa por um processo de triagem, reciclagem e sustentabilidade. Não defendo a Globo ou qualquer outro canal da TV aberta, vide o fato de eu ser fã de Silvio Santos, defendo, tão somente, a boa educação e repudio o mau comportamento e a hipocrisia do Afegão Médio.

        Segunda consideração: o Afegão Médio consome os conteúdos gerados pela Jovem Pan, logo, aceitam e concordam com o a forma que os jornalistas do programa Pânico e Os Pingos no Is se comportam que, ao invés de enaltecer as benfeitorias de Bolsonaro, “descem a lenha” no Lula. Confesso que não tenho paciência de acompanhar qualquer um destes programas dada a falta de educação de seus apresentadores. Eles poderiam dar a mesma notícia, ou pelo menos tentar fazê-lo de outra forma, poderiam fazer propaganda pró Bolsonaro como veem fazendo, sem atacar seu opositor de forma chula. Eles não conseguem falar bem do Bolsonaro sem falar mal do Lula. E foi esta a razão do pedido do direito de resposta de Lula que veremos a seguir, conforme previsto na Lei das Eleições.

        Primeira argumentação: As TV’s e rádios existem e funcionam porque são concessões públicas. Fernando Anitelli disse durante uma entrevista à Antônio Abujamra no programa Provocações de 2014 que “O Jabá é a maneira com a qual as rádios, tradicionalmente, encontraram para poder veicular uma música muito mais vezes do que talvez ela deveria, do que talvez o povo gostaria de ouvir. Se gente parar para pensar que, rádio e TV, são concessões públicas, que deveriam trabalhar comunicação para o povo, inspirada no povo, isso inexiste. As rádios tem outra tradição. Pagou, tocou! O Jábá se transformou no grande mal porque ele censura a possibilidade de vários outros artistas”. O Jabá, no caso da Jovem Pan e da Brasil Paralelo, é o que Bolsonaro se propõem a pagar para que elas façam a sua respectiva propaganda eleitoral. E o Afegão Médio certamente desconhece o que é concessão pública e quem são Antônio Abujamra ou Fernando Anitelli.

        Segunda Argumentação: O que está acontecendo com a Jovem Pan é uma orientação da sua própria diretoria ao ser avisada pelo TSE sobre o cumprimento, e não uma cesura propriamente dita, da lei das Eleições – Lei nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, que diz:

Art. 45. Encerrado o prazo para a realização das convenções no ano das eleições, é vedado             às emissoras de rádio e televisão, em sua programação normal e em seu noticiário: 

III – veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária a candidato,             partido, coligação, a seus órgãos ou representantes;  

IV – dar tratamento privilegiado a candidato, partido ou coligação; 

Candidatos e partidos políticos podem ingressar com o pedido junto à Justiça Eleitoral. Para isso, deve ser apresentada não somente a propaganda eleitoral que eventualmente tenha ofendido, mas também a resposta que pretende se veicular no mesmo veículo de comunicação que divulgou a possível propaganda ofensiva. Em casos de uso de conteúdo inverídico na propaganda eleitoral, é necessário demonstrar que realizou a verificação prévia de elementos que permitam concluir pela fidedignidade da informação. Importante destacar que os direitos de resposta serão aplicados apenas em análise de casos concretos, nos termos da lei.

O descumprimento, ainda que parcial, da decisão que reconhecer o direito de resposta sujeitará a infratora ou o infrator ao pagamento de multa no valor de R$ 5.320,50 a R$ 15.961,50, podendo ser duplicada em caso de reiteração de conduta, sem prejuízo do disposto no artigo 347 do Código Eleitoral.



Agora, o Afegão Médio pode contestar as leis eleitorais do TSE? Sim! O Afegão Médio pode e deve contestar a lei que permitiu Lula sair da prisão e ser candidato? Claro que sim! Não obstante, o Afegão Médio deve estudar e compreender as leis, suas brechas, seu funcionamento e suas aplicações.

   Primeiro comentário: muitas pessoas cornetam que não devemos votar no candidato, mas, sim, no seu plano de governo. O Afegão Médio me corneta, sem parar, o tempo todo, que Lula é a favor da ideologia de gênero, aborto e legalização das drogas. Bom, eu vinha caminhando de forma discreta, ponderado, quietinho e até como incógnita para algumas pessoas, porém, precisei tomar “partido” após o fatídico 12 de outubro. E sabe o que me leva a votar no Lula? São os projetos voltados a cultura e a educação que, para mim, são programas primordiais para o desenvolvimento do nosso país. Fico chocado ao ver que o Afegão Médio não sabe, não quer e não consegue distinguir ideias, de ideais, de ideologias, de pensamentos.

Segundo comentário: Por me posicionar, politicamente, tornei-me Persona Non Grata no grupo de whatsapp da família e na roda de amigos. Afegão Médio, Persona Non Grata não significa que eu não seja agradecido, tá?! Pesquise e depois me conte, combinado? E, caso Lula seja eleito (e será) e eu esteja equivocado, caso igrejas sejam fechadas e viremos uma Venezuela, não terei problema algum em me retratar e pedir desculpas, seja daqui um, cinco, dez ou vinte anos. Agora, caso voltemos a ser respeitados internacionalmente e as coisas não deem tão errado quanto vocês estão esperando, ficarei esperando, deitado, o Afegão Médio se retratar.

Terceiro comentário: uma das argumentações dos católicos direcionadas à mim passa pela definição da Teologia da Libertação, que é “uma abordagem teológica cristã que enfatiza a libertação dos oprimidos. Em certos contextos, envolve análises socioeconômicas, com preocupação social com os pobres e a libertação política dos povos oprimidos”. Bom, dada minha crença versus meu comportamento e atuação dentro na igreja católica, posso dizer que caminho a passos largos para ter o mesmo futuro de Leonardo Boff: ser "deixado de lado". O que acalenta meu coração é o fato de eu não almejar funções como o de ministro extraordinário da comunhão ou diaconal por exemplo, uma vez que reconheço e aceito toda minha limitação e pequenez diante do próximo. Neste ponto, o Afegão Médio médio conseguiu confundir minha cabeça, ora, se a igreja não pode libertar os pobres e os oprimidos, teria Jesus se equivocado em seus ensinamentos? Talvez seja a hora mesmo de nos atentarmos mais à filosofia que à religião. Só acho!

Conclusão:

- Escrever é, para mim, algo mais prazeroso que tomar cerveja, acreditam? Cerveja gelada, em casa ou com no boteco com amigos, é bom demais, porém, cada texto escrito representa um novo projeto que eu realizo. Entende Afegão Médio? Para escrever, eu pesquiso, eu leio, eu reflito, eu falo sozinho e eu penso muito. O processo de criação do texto acontece no banheiro, na hora do trabalho, tomando cerveja, em qualquer lugar e em qualquer hora. Pela escrita consigo organizar e expor minhas ideias e meus pensamentos sobre os mais variados assuntos. Não se ofenda, Afegão Médio, eu compreendo sua compulsão pela visualização e compartilhamento imediato de vídeos curtos muito bem editados uma vez que eles servem para isto mesmo, para sua não-reflexão.

- Não sei se você notou, Afegão Médio, mas neste texto elenquei as considerações, argumentações, comentários e a conclusão, sabe por quê? Salvos dois, nos máximos três, bolsonaristas que já me enviam textos e áudios, muito bem elaborados, diga-se de passagem, de própria autoria como réplicas dos meus textos, eu fiz isso para desafiar e ajudar você também a escrever, com as suas palavras uma réplica para mim, de forma clara, EDUCADA e muito pessoal. Vou te dar mais uma dica: esqueça, por hora, a Jovem Pan, a Brasil Paralelo, a Globo, o youtube, pense em você, na sua família, na sua bolha e dê uma olhadinha lá para a base da pirâmide. Se você forçar um pouquinho, conseguirá sair na sua linha média de visão.

- Para ajudar você a construir seu texto, sugiro que leia um pouco sobre o movimento chamado Sebastianismo: “Em 4 de agosto de 1578, Sebastião I, de Portugal, morreu na batalha de Alcácer-Quibir. Assim nasceu o sebastianismo, um movimento que profetizava o retorno do monarca morto para conduzir a nação. O mito se arraigou no Nordeste brasileiro e adquiriu com os séculos diversas modulações”. Pesqueisar, ler e escrever farão você, Afegão Médio, ver o mundo de outra forma, tenho certeza!

Em tempo, agradeço ao Daniel Galiotti e Roberto Cabral pela sugestão do tema e aproveito para dizer que minha camiseta para votação de domingo já está reservada: “Onde sobre intolerância, falta inteligência”.

 

Foto: Camiseta Jovem Pan Censurado
Fonte: https://lista.mercadolivre.com.br/camiseta-radio-jovem-pan



Foto: Camiseta Teatro Mágico
Fonte: 
https://lojinhaoteatromagico.myshopify.com/products/camiseta-onde-sobra



Grande Abraço,

Eduardo Caetnao

10/15/2022

Acordem, católicos! Não leiam isto!

     Chega um momento da vida em que precisamos nos posicionar e arcar com as consequências de tal posicionamento. Já fiz isso algumas vezes e esta é só mais uma. Se já me chamam de comunista, esquerdista, lulista, abortista e tantos outros nomes, agora então, serei chamado de quê? Padre Júlio Lancelotti? Mário Sérgio Cortella? Quanta honra! Portanto, venho trazer meu posicionamento, mais que político, um posicionamento religioso e social. Não precisava nem dizer, mas defendo Paulo Freire como patrono da nossa educação sim, sou contra o armamento sim, assisto novelas sim, sou católico sim e pasmem, não sou bandido, não sou pedófilo, não sou assassino, não sou ladrão e nem corrupto, mesmo assim, sei que não sou nenhum grande exemplo de homem e de cidadão.

O que vimos no último dia 12 outubro, na Basílica Nacional de Aparecida, foi vexatório, triste, desrespeitoso, vergonhoso, impactante e medíocre. Mas para chegar até esse dia, muita coisa aconteceu, queiramos nós católicos, ou não.

Embora eu nunca tenha ido às ruas protestar o “Fora Dilma” ou o “Ele não”, mais por entendimento político que preguiça, incluo-me, mais por caridade que discernimento, à massa de manobra que somos e, se não fôssemos, iríamos para às ruas de forma independente e buscaríamos uma nova proposta, um novo caminho para romper toda esta barreira do ódio instalada no brasil deste o fatídico golpe político da Dilma em 2016. Acordemos, católicos! Não leiam isto!

Após o golpe político, surge em 2018, como um coelho tirado da cartola ou um “anjo” vindo do céu, Jair-FALSO-Messias Bolsonaro, no melhor estilo Campanha da Fraternidade que todo bom católico conhece, com o tema “Pátria, família e liberdade” e o lema “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos” e, desde então, tem sido um Deus nos acuda.

Há uma máxima na comunicação que diz: “A história é contada por quem está no poder”! E agora não é diferente, o Falso Messias precisa escrevê-la à sua maneira. Católicos, não leiam isto, parem aqui, não sigam o raciocínio a seguir, podem ser fake News.

O Falso Messias foi eleito pelas mídias sociais, então, seguiu fortemente por este caminho, com páginas e perfis no Instagram, Telegram, Facebook e Youtube. Os números de visualizações e inscritos são assustadoramente elevadíssimos. Mas, estranho, não foi leito e não será. Quem nunca comprou seguidores, não é mesmo? A sistemática é fácil demais, não tem fiscalização e gera muita informação, verdadeira ou falsa, sem controle algum.

De um lado, o código de direito canônico diz: “No entanto, a Igreja proíbe expressamente que os seus clérigos (padres e diáconos) filiem-se a partidos políticos, especialmente sem a devida licença do bispo diocesano ou da autoridade competente: não tomem parte ativa em partidos políticos ou na direção de associações sindicais, a não ser que, a juízo da autoridade eclesiástica competente, o exija a defesa dos direitos da Igreja ou a promoção do bem comum”; e também proíbe que assumam cargos públicos: “os clérigos estão proibidos de assumir cargos públicos que importem a participação no exercício do poder civil”. Ou seja, católicos, o número de padres eleitos a cargos públicos tende a zero, em contrapartida, o número de pastores eleitos em 2018 foi o maior da história entre deputados e senadores.

Do outro lado, o Falso Messias é rodeado por Silas Malafaia, Edir Macedo, Valdomiro Santiago, RR Soares e, consequentemente, vários outros pastores das mais diversas denominações. Ou seja, ele ajuda, conversa, interage e financia, como vimos em várias reportagens e escândalos, a construção, o surgimento e a proliferação das igrejas evangélicas. Nada contra, é só uma constatação.

Eis o começo do pulo do gato: as igrejas evangélicas são, na sua essência, protestantes à igreja católica e pregam o conservadorismo com toda a sua força, são preconceituosas e homofóbicas por natureza. Pregando tal conservadorismo, Falso Messias “abocanhou” grande parte dos cristãos conservadores católicos, que tem o terço numa mão e uma pedra na outra, para tacá-las nos “pecadores” e ainda não entenderam essa dinâmica.

Eis o meio do pulo do gato: A Globo virou um lixo à medida que foi injetado dinheiro no SBT (que ia falir), na Record (do Pastor Edir Macedo) e na Bandeirantes (que dá voz a RR Soares). De todas estas, a Globo era a única que transmitia, às vezes, alguma missa, porém, foi uma das primeiras atividades coisas a serem cortadas na emissora dada a crise financeira instalada. Mas católicos, engraçado, em toda novela tem um padre, um casamento, alguém ajoelhado ao pé da Santa pedindo sua intercessão ao Pai, vide Dira Paes no papel de Filó, na novela Pantanal. Isso ninguém conseguiu tirar da Globo, graças à Deus, porque as cenas são sempre emocionantes. Este pode ser o próximo passo da censura que se aproxima, caso não paremos, católicos.

Eis o término do pulo do gato: Teoricamente forte nas mídias sociais e com a Globo fragilizada, Falso Messias precisava atingir e contaminar a grande massa de manobra da população, em geral, os mais idosos e a ala mais conservadora da igreja católica. Para isso, tirou dinheiro da cultura e da educação, incentivou e autorizou o funcionamento da Jovem Pan News que é propagandista maior das vendas do canal de Streaming Brasil Paralelo. Não entrarei, por hora, na seara da cultura e cortes na Lei Ruanet, por exemplo, porque a maioria dos leitores não consomem, não prestigiam cultura nacional e nunca se beneficiaram das Leis de Incentivo Fiscal. Desculpem católicos, idosos e jovens, agora estamos vendo e ouvindo Jovem Pan 24 horas por dia, assistimos Brasil Paralelo, comentamos novelas bíblicas da Record, pregamos o armamento, acreditamos piamente que, se Lula for eleito, tornaremo-nos uma Venezuela, nossas igrejas serão fechadas e, se não acordarmos, passaremos logo a frequentar cultos evangélicos em nome do conservadorismo imposto e pela dúvida plantada em relação à nossa devoção à Nossa Senhora. Acordemos, católicos! Não leiam isto!

Hoje, Silas Malafaia, Edir Macedo, Valdomiro Santiago e RR Soares nadam de braçada, gargalham da nossa cara e nos veem chafurdar na lama da discórdia dentro da casa da Mãe Aparecida. Ninguém me contou, eu vi o desfile de Sete de Setembro em São José dos Campos. Após o desfile das forças armadas, das escolas e dos programas da prefeitura, desfilaram várias igrejas protestantes com vários blocos e suas bandas encantadoras. Por que será, né? Acordemos, católicos! Não leiam isto!

Em nota desta semana, a CNBB diz: “Lamentamos, neste momento de campanha eleitoral, a intensificação da exploração da fé e da religião como caminho para angariar votos no segundo turno. Momentos especificamente religiosos não podem ser usados por candidatos para apresentarem suas propostas de campanha e demais assuntos relacionados às eleições. Desse modo, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lamenta e reprova tais ações e comportamentos. Ratificamos que a CNBB condena, veementemente, o uso da religião por todo e qualquer candidato como ferramenta de sua campanha eleitoral. Convocamos todos os cidadãos e cidadãs, na liberdade de sua consciência e compromisso com o bem comum, a fazerem deste momento oportunidade de reflexão e proposição de ações que foquem na dignidade da pessoa humana e na busca por um país mais justo, fraterno e solidário”.

E o que nós católicos fazemos? Agredimos, verbalmente, arcebispos, bispos e presbíteros, estapeamo-nos na casa da Mãe Aparecida em virtude da presença patética e extremamente desnecessária do Falso Messias por lá, conforme mencionado no início desta narrativa.

De tudo isso, não estou falando para você votar no Lula. Votem no Falso Messias, votem nos candidatos que o apoiam, votem em quem quiser, mas paremos com isso. Paremos de postar idolatrias ao Falso Messias o dia inteiro, paremos de xingar, ofender e amemo-nos mais. Mas votar no Lula seria tão ruim assim para nós, católicos, que anualmente fazemos Campanhas da Fraternidade como a de 1997 que tinha como tema “A fraternidade e os encarcerados” e lema “Cristo liberta de todas as prisões”? Acordemos, católicos! Não leiam isto!

Acordemos, católicos. Armamento e aborto são questões de segurança e saúde pública respectivamente, não tem nada a ver com religião. O Brasil nunca será uma Venezuela, o Brasil é enorme, é um país fortemente capitalista, riquíssimo em agronegócio, petróleo, riquezas naturais e indústrias. Se queremos ter uma religião católica forte e blindada, precisamos ser fortes, unidos e blindados, deixando de lado toda esta convicção ilusória sobre política que achamos que temos. Precisamos deixar de ser aquela antiga igreja católica da inquisição e passar a ser a Igreja Católica Apostólica Romana, do terceiro milênio, que caminha unida rumo ao Pai sob a intercessão de Nossa Senhora.

Se você, católico ou não, conseguiu ler até aqui e é um preocupado de plantão coma a minha imagem, é importante dizer que este texto é de minha autoria para o Pode Cornettah, Blog de minha criação e responsabilidade. Este texto NÃO representa, em hipótese alguma, a opinião de instituição industrial, acadêmica e pastoral em que atuo, respectivamente, como engenheiro, diretor e escritor. Este texto é, portanto, apenas meu manifesto como cidadão e como católico.

Respeitando toda e qualquer crença, amando a Santa Igreja Católica, digo mais uma vez: ser contra o Falso Messias não me faz a favor de Lula, faz-me tão somente ter a certeza, das inimizades que surgiram e surgirão e dos laços que estreitarei a partir daqui que, como dizia Antônio Abujamra, é preciso “idolatrar a dúvida” ao invés de idolatrar o Falso Messias!

Lamento, em conversas presenciais informais, que eu não tenha autocontrole, habilidade e paciência de um professor, assim como faço através da escrita. Lamento também as minhas características fisiológicas de ruborização e tremores labiais ao me ver provocado e encurralado, mas lamento, na mesma proporção ver amigos, parentes e familiares caírem no encantamento do Falso Messias e não perceberem a dinâmica da desconstrução do catolicismo em que estão nos colocando.

Em tempo, meus agradecimentos ao músico Gilberto Wagner e ao escritor Francisco José Ramires pela sugestão do tema.

Acordemos, católicos! Espero que não tenham lido isto!


Grande Abraço,

Eduardo Caetano


Foto: Bolsonaro com Silas Malafaia
Fonte: https://www.redebrasilatual.com.br/politica/divulgador-de-fake-news-silas-malafaia-abriu-43-novas-igrejas-no-governo-lula/

Foto: Bolsonaro com Valdomiro Santiago
Fonte: https://www.jb.com.br/pais/informe_jb/2020/09/1025619-mais-uma-decisao-indecisa-do-presidente--bolsonaro-veta-perdao-de-dividas-de-igrejas--mas-com-medo-dos-pastores-diz-que-vetaria-o-proprio-veto.html

Foto: Bolsonaro com Edir Macedo e Silvio Santos
Fonte: https://www.brasildefato.com.br/2020/06/16/governo-gastou-r-30-milhoes-em-radios-e-tvs-de-pastores-que-apoiam-bolsonaro



9/03/2022

A democracia é o governo da maioria, com a proteção da minoria

    Este texto é dirigido ao blog Pode Cornettah do meu amigo Eduardo Caetano, membro da Academia Joseense de Letras, o qual me disse que poderia cornetar livremente. Pois bem, testando essa liberdade, resolvo cornetar a minoria (eles podem ser cornetados?) e que Deus me ajude.

    “A democracia é o governo da maioria, com a proteção da minoria”. A afirmação é do professor Alberto do Amaral professor da USP ao tratar das características de um sistema de governo que se pauta pela igualdade de direitos, de liberdade e de expressão.

    Nunca se viveu um tempo no Brasil como agora onde todas as minorias são tão ouvidas e respeitadas tendo nesses últimos tempos várias leis de proteção em seu favor, estão representados em todos os setores da sociedade seja por cotas ou qualquer outro instrumento de inclusão e isso exatamente por haver o respeito da maioria nesse processo que deve ser permanente e contínuo, mesmo sabendo que ainda temos muito a melhorar. Porém, eu como cristão, tenho visto muito desrespeito por boa parte dessa minoria com os costumes e leis que defendem a maioria  cristã, por exemplo. 
    
Sabidamente, vivemos em um país cristão formado esmagadoramente por católicos e protestantes, e o que me causa espanto é a falta de respeito latente dessa minoria pelos objetos sacros de nossas crenças, pelas nossas tradições e costumes, etc. Invasão de igrejas em horários solenes de missas e cultos (sim isso nos é sacro), pessoas defecando em crucifixos, colocando crucifixos em anus e vaginas, declarações abertas que querem destruir o conceito de família cristã: “Queremos destruir a família, sim” (O discurso foi feito em 16 de outubro de 2019 e é de Vitor Zaparoli Borgheresi, que usa o nome social de Amanda Palha e já tentou uma vaga de deputado federal na Câmara dos Deputados, nas eleições de 2018, pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) de São Paulo).

    A minoria ganhou voz, respeito e proteção dado pela maioria (pois é necessário a maioria aprovar em congresso o qual representa o povo) mas gerou um efeito colateral terrivelmente desagradável que deve ser corrigido pela conceito maior de democracia conforme citado acima “igualdade de direitos, de liberdade e de expressão”  e isso pautado pelo respeito mútuo. A minoria não aceita ser criticada pelo seu modo de vida sua cosmovisão de mundo e costumes mas se sente no direito pelo casos citados acima de não respeitar a maioria cristão brasileira e querem mudar os conceitos que nos são caros, como família, direito a culto, divergência de pensamento, etc. Imagina  um cristão dizer uma frase como o mesmo peso da frase acima “queremos destruir a família, sim” deixo para você imaginar uma frase correspondente que teria o mesmo peso cultural e social e a consequência que tal enunciado provocaria na sociedade.

    Nós, como maioria, devemos respeitar, ouvir e proteger vocês (e desculpem se ainda estamos engatinhando nesse processo) mas os costumes da maioria também devem ser respeitados principalmente e inclusive por vocês que assim como nós já sentiram a falta de respeito pagando muitas vezes com suas vidas e olha, que ironia, nós cristãos ao longo da história fomos martirizados, assassinados, expulsos e calados pela nossa fé e exatamente assim como vocês ainda o somos em vários lugares do mundo, já dizia o famoso jargão “quem quer respeito, tem que respeitar.”

    Minoria, nós cristão que somos  a maioria da população brasileira, queremos respeito de vocês. Somente dessa maneira poderemos construir uma sociedade verdadeiramente justa e equilibrada para toda população representada em todos os segmentos sejam maioria ou minoria.

“A democracia é o governo da maioria, com a proteção da minoria”,

#respeitaamaioria

Luis Ricardo Praxedes de Araújo
 
 

7/20/2022

Repetibilidade

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

Para uns, o ano inicia-se em primeiro de janeiro, para outros, o inicia-se após o carnaval e já para outros, como é o meu caso, o ano tem o ciclo entre uma Peregrinação Geração de Fé e outra. Tudo bem que não é bem assim, mas o fato é que participar desta Romaria é um evento tão relevante que nos dá fôlego e força para os desafios que virão.  

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

A Peregrinação Geração de Fé acontece no feriado de corpus Christi e, neste ano, foi realizada nos dias 16 e 17 de junho. Como é sabido, fazemos o trajeto em dois dias, saindo de Eugênio de Melo, distrito de São José dos Campos, até Aparecida. Andamos, em média, 40 quilômetros por dia pelo Caminho da Fé. Não vamos pela Dutra, vamos "por dentro", pelas áreas rurais e mais afastadas das cidades de São José dos Campos, Caçapava, Taubaté, Tremembé, Pindamonhangaba, Potim e Roseira. É um caminho que nos possibilita a conversa, a interação com os demais peregrinos, a oração, a meditação, o silêncio e, sem dúvida, a contemplação de Deus através da natureza.

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

E, neste ano, eu particularmente tinha muita coisa para agradecer e uma meta muito clara na minha mente: chegar inteiro em casa, com dor sim, mas sem estar "chapado" de remédio e antialérgico. Eu queria poder chegar em casa inteiro e conversar com a Valéria e com as crianças para contar um pouco dessa peregrinação. E eu consegui. Gosto bastante de interagir, conversar e, como dizem alguns, entrevistar as pessoas durante a peregrinação. Contudo, quando tinha a oportunidade de estar sozinho, a palavra que me vinha à mente era: REPETIBILIDADE. A repetibilidade dos passos foi a minha tarefa, porém, há uma rede de outras atividades e responsabilidades que tornaram isso possível. Desde a minha preparação durante todo ano com o preparador físico, David, do Studio Personal Geração, até toda estrutura com alimentação, transporte, pousada, missas, músicas orações e acompanhamento de verdadeiros anjos na terra, como Primon na voz & violão, Fernando na bike, nosso anjo de rodas, e Pedro, o nosso motorista.

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim". 

Quando um ente querido morre, nós fazemos a comida que ele gostava, nós visitamos lugares que ele ia, nós conversamos com pessoas que ele admirava, por quê? Para celebrar a sua memória. Às vezes ser católico pode parecer uma tarefa complexa, porém, é bem mais simples e intuitivo que imaginamos. Por isso o católico repete a encenação da Santa Ceia em toda Santa Missa, para que lembremos de Jesus e o mistério da fé que Ele nos deixou. Por isso o católico reza o terço, repetindo, quase que automaticamente, frases e orações pré-determinadas, afinal foi Cristo mesmo que nos ensinou a oração do Pai Nosso.

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

Talvez esteja se perguntando: Mas e Maria com isso tudo? Ela também pediu que fizéssemos peregrinações em sua memória? A resposta é pedagógica. Mãe é mãe. Mãe pode falar, falar, falar, xingar, ás vezes, até das uns "bons" tapas e puxões de orelha mas, no fim, a mãe é sempre "copiada" pelos seus filhos muita mais pelas ações geradas do que pelas pelas palavras ditas. E o que Maria fez assim de tão exemplar que nos leva a fazer uma peregrinação ano após ano? Maria que morava em Nazaré, foi visitar sua prima Isabel, que morava nas montanhas de Judá, cuja distância, segundo estudiosos, pode variar entre 100 e 150 quilômetros de distância. Maria era virgem e estava grávida de Jesus, Isabel era idosa, estéril e estava grávida de João. Mas deixemos, por hora, a teologia católica um pouco de lado dada a devida polêmica e resistência por parte de alguns, falemos de forma prática sobre repetibilidade.

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

Sim, cada romaria é de um jeito, com condições climáticas, físicas e mentais muito diferentes. Mas o que torna a Geração de Fé especial é a segurança que os organizadores, Carmem e Geraldo, dão-nos, é o fazer-se igual aos demais, caminhando, participando, conversando, rezando e refletindo conosco, lado a lado, nunca longe, nunca distante, nunca superiores. seja católico, evangélico ou ateu. E Geração de Fé é também um encontro de gerações, com adolescentes, jovens, adultos e idosos. Também nos proporciona conhecer novas pessoas e suas histórias. 

Disse, Jesus, na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

Desta vez, uma das particularidades, ficou por conta de uma memória afetiva do nosso anjo de rodas, professor Fernando que, num dado momento, tirou uma foto das chaminés, nas redondezas de Tremembé, e me mostrou a semelhança com a capa do disco do disco Animals, da banda Pink Floyd.

Disse Jesus na Santa Ceia: "Fazei isto em memória de mim".

A repetibilidade gera afeto, gera lembranças, gera sucesso, gera conquista, gera ação, gera fé.

Grande abraço e até a próxima!

Eduardo Caetano
Academia Joseense de Letras
Cadeira 8 - Hilda Hilst



Foto: Contemplação
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Romeiros da Geração de Fé
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Amanhecer
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Primeiro trecho do segundo dia
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Eu e o trio
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Carros de apoio
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Fernando (Anjo de rodas) e Geraldo
Fonte: Acervo do próprio autor

Foto: Chaminés
Fonte: Fernando (Anjo de Rodas)

Foto: Capa disco Animals
Fonte: Internet

3/03/2022

O CANDELABRO DE SETE FACES

São sete as cores do arco-íris (vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta). Já na Bíblia, o número sete representa o número limite de Deus nos planos para com os homens, transmite a ideia de perfeição, conclusão, consumação. A parlenda diz "sete e sete são quatorze, com mais sete vinte e um, tenho sete namorados, mas não gosto de nenhum".  A lenda diz que um gato tem sete vidas. Uma tradição brasileira diz que precisamos pular sete ondas no réveillon para recebermos a força e a purificação de Iemanjá. Uma semana tem sete dias. E são sete as faces do candelabro...

Quem me conhece sabe o carinho que tenho pela cidade de Passa Quatro-MG, que a chamo de "o melhor lugar do mundo", que é a cidade natal dos meus pais e da minha esposa, cidade na qual moram muitos parentes e amigos. Entre os amigos, há um que me fez um pedido. Paulo José de Almeida Brito, o Paulinho Brito, recentemente, inaugurou um belíssimo espaço cultural chamado O Garimpo, local onde podemos encontrar antiguidades, raridades, café, cachaça, disco de vinil e, claro, muitos e muitos livros, dos mais variados tempos, dos mais variados autores, das mais variadas épocas e dos mais variados estilos. Fim do ano passado fui conhecer o local e também estava em busca do seu novo livro: O Candelabro de Sete Faces. Como de costume, conversamos um pouco, tiramos algumas fotos e, após fazer a dedicatória, Paulinho então me pediu: "eu quero que você leia e dê a sua opinião sobre este livro porque é algo novo, é diferente de poesia e outras coisas que escrevo". E Paulinho é o tipo de pessoa que não convida, convoca. Ele não pede, manda. Não por autoritarismo, mas por autoridade máxima em simpatia, acolhimento, inteligência, empreendedorismo, paixão (pelas pessoas e  pela sua terra), entusiasmo (na literatura) e em ser um exímio contador histórias. Isso posto, não consegui dizer não ao seu pedido de resenha do novo livro. Talvez ele esteja esperando que eu dê uma opinião de forma reservada, mas este é o caso para dar uma opinião aberta porque literatura é algo de interesse público.

Tudo bem que eu já li querendo e esperando que a história fosse boa, até mesmo porque não sou nenhum crítico de literatura, no entanto, é sabido a fama e a forma da escrita de Paulinho. O livro trás uma história instigante, interessante, impressionante, rica em detalhes históricos da revolução constitucionalista de 1932 e, ao mesmo tempo, é de fácil leitura, de fácil entendimento e é sensorial ao jeito Paulinho de escrever, que faz um roteiro no qual mistura os sete pecados capitais (soberba, avareza, ira, luxúria, gula, preguiça e vaidade), os sete dons do Espírito Santo (fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor de Deus), sete pontos turísticos de Passa Quatro (Túnel da Serra, Igreja Matriz, Cachoeira do Pinho, Bica do Padre, Estação Ferroviária, Praça do Leões e o famoso ingazeiro) e uma pitada de maçonaria.

Não darei spoiler, só que não, porque o livro trás um triunvirato (formado por Emanuelly, Dante e Iuri) em busca dos segredos guardados pela história do candelabro de sete faces e, a partir dele, desvenda vários mistérios, realiza várias descobertas, passa por momentos tensos e ameaçadores, que são superados pela vontade de descobrir o tesouro escondido pelo bandeirante Fernão Dias Paes Lemes e são constantemente motivados a não desistir dessa empreitada devido aos fortes laços de suas famílias com a narrativa e pela verdadeira amizade que os une.

Enquanto lia, imaginava as cenas, as ruas, os lugares, as casas, as conversas, as pessoas, os sons, os barulhos, as sensações assim como num filme... uau! A história deste livro, certamente, daria um bom filme e, considerando uma cidade como Passa Quatro, isso seria até um pouco comum, dado que a cidade é palco de inúmeras obras de extrema relevância do audiovisual brasileiro. Então, nada mais justo: fomentemos a leitura e o compartilhamento desta obra literária para que ela chegue a sétima arte: o cinema. Fica a dica. 

Falar da obra é também falar um pouco do autor e como elogiar Paulinho sem que eu pareça um "puxa saco"? Paulinho é o tipo de pessoa cativante, sempre envolto e zeloso pelos membros e negócios da família, é romântico, é agitador cultural, é agente político, é poeta, é escritor de biografia, é empreendedor, é advogado, é orador, é alambiqueiro e é, agora, escritor de ficção. Tomo a liberdade de inserir Paulinho no elevado patamar do meu confrade na Academia Joseense de Letras, o escritor Daniel Pedrosa, autor da trilogia Setor 27. E, tomando como base a citação feita por Paulinho no livro, "a verdade está sob os panos", enchemo-nos de esperança, expectativa, anseio e um gostinho de quero mais para, que desta história, surja também uma trilogia.

E, como diz o filósofo Plotino: "tudo é símbolo de tudo. E sábio é quem lê em tudo". Portanto, sejamos sábios, leiamos toda esta história, brasileira, mineira, passaquatrense.

Foto: Conhecendo O Garimpo
Fonte: Silmara Brito

Foto: Dedicatória Paulinho Brito
Fonte: Acervo do próprio autor

10/29/2021

Aventura Literária

Viver é uma aventura, logo, aventura boa é aquela que a gente vive. Já a aventura que a gente não vive, a gente pode nela entrar e os livros nos permitem esta entrada, esta imersão, por eles e com eles, vivemos as melhores aventuras... literárias!

Certo dia recebi uma ligação do Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (CFNSA), onde meus filhos estudam. Minha barriga gelou, comecei a pensar que houvesse ocorrido algo com as crianças, afinal, do outro lado da linha, a voz masculina era calma e educada demais na introdução do assunto. Era o professor Ronaldo, convidando-me para prestigiar a apresentação em sala de aula, do segundo ano do ensino médio, do projeto que eu, tempos atrás, havia sugerido à diretora, Irmã Mônica: a criação de uma estante pública com livros, doados por outrem, que seriam disponibilizados para livre leitura dos alunos, professores, mantenedores e pais do CFNSA. Na condição de membro da Academia Joseense de Letras (AJL), escritor e agente cultural, é de extrema importância, incentivar, fomentar, propiciar a leitura, fazendo com que o livro seja livre e de fácil acesso.

No dia agendado, 18 de outubro, Professor Ronaldo e Professora Adriana me recepcionaram calorosamente  na sala de aula. Eles sugeriram que me apresentasse para iniciarmos os trabalhos. Assim o fiz. Depois disso, os alunos mostraram as estantes móveis construídas e pintadas por eles próprios e demostraram como as mesmas ficariam expostas no colégio. Após esta interação vieram as perguntas, algumas bem capciosas, outras bem inteligentes e outras significativamente relevantes. Entre elas, destaco:

  1. Na prática, qual é o trabalho realizado pela AJL para a comunidade de forma geral?
  2. A internet contribui positiva ou negativamente para o desenvolvimento da leitura?
Entre uma pergunta e outra, o Professor Bruno entrou na sala, afinal, já estávamos ocupando o horário da sua aula. Professor Bruno não, Brunão. Aproveitando sua presença, conversamos sobre a literatura versus internet e sobre assuntos como filosofia e política tem feito mais parte do nosso universo. Brunão conhece minha família, meus pais, minha esposa, meu filhos, minha história, já participou do Pode Cornettah quando conversamos sobre os 300 anos da aparição de Nossa Senhora, já participei com ele do Altas Aulas no Colégio. E, interagindo com os alunos, falando um pouco de mim e sobre minha trajetória, ele mencionou os textos deste Blog. Falávamos sobre livros físicos, em contrapartida, eu tinha a oportunidade de mostrar meu trabalho digital. Tão logo, Brunão sugeriu que lêssemos ali, na hora, um dos meus textos. Então lemos "Meus país é uma peça". Se tivéssemos combinado não teria dado tão certo, o fim deste texto fala que  "Apesar de tudo, tudo mesmo, apesar de tudo o que há de mal e de errado neste país, eu continuo fazendo a minha parte, eu continuo acreditando na minha, na sua, na nossa força para mudarmos e melhorarmos alguma coisa, por menor que seja, porque o meu país é uma peça a ser apreciada, vivida, atuada, admirada, dirigida, roteirizada e assistida por todos nós!". Aquele contexto representava muito bem esta força de mudança. Ao fim da leitura, uma aluna pergunta:

    Qual é a sua metodologia de escrita, uma vez que meus textos são tão longos?

Foi um encontro muito gostoso, gratificante, edificante. Eu, professores e alunos: o sonho de qualquer escritor!

Na semana seguinte, 25 de outubro, foi o dia de apresentar o projeto a toda escola. Aventura Literária, foi o nome escolhido de forma democrática pelos alunos. Embora o evento tenha sido um evento bem singelo, com todo DNA franciscano, "deu recado" de forma clara e assertiva ao que foi proposto. O evento foi uma apresentação de alunos de diversas turmas, onde mostraram as histórias de Gibi, como a Turma da Mônica, de princesas, de cordel, do sítio do Pica Pau Amarelo, entre outros e no final, as alunas do segundo ano médio, mostraram e explicaram como irá funcionar o Projeto Aventura Literária, cuja a ideia central é: a pessoa pega um livro para leitura e, simultaneamente, deve deixar outro no lugar.

Ao término do evento, a professora Adriana foi chamada para falar um pouco sobre o projeto. Depois fui eu. Posso dizer que vivi para presenciar este momento. Falei sobre Felicidade, aquela situação era a representação da felicidade de um escritor, porque ali estavam, crianças, jovens, pais, professores, coordenadores, diretora e mantenedores, em volta dos livros, falando sobre livros, fomentando a leitura. Fiz a mesma brincadeira que fiz na sala de aula do segundo ano ao dizer que não sabia como a diretora, Irmã Mônica, é como chefe lá dentro da sala dos professores, o que eu sei, vejo e nos importa, é saber que a sua gestão propicia aos alunos, pais e, principalmente, professores, participem e deem cada vez mais o seu melhor em prol do bem comum que é a educação. Depois falei que escola é isso, tudo junto, mistura,  tradição, religião, família, já que meu pai trabalhou no colégio, eu e meus irmãos estudamos no colégio e meus filhos e sobrinhos estão estudando no colégio. Terminei dizendo o que escrevi numa publicação em fevereiro deste ano: "mais vale um livro na mão do que dois na prateleira" e fazendo jus a esta semente plantada, cumprindo o que falei tempos atrás, dei minha contribuição ao CFNSA, doando cerca de 20 livros.

Seu Odácio disse ao Fernando Anitelli, seu filho, certa vez: "Não é uma cara engravatado, atrás de uma mesa, que vai dizer se a sua música é boa ou não". Então ele entendeu que as músicas do O Teatro Mágico deveriam ser livres e as jogou todas na internet. Esse foi um dos melhores conselhos dito a alguém que eu peguei emprestado para mim. É nisso que eu acredito quando escrevo, aqui no Pode Cornettah, textos que se relacionam muito bem na minha mente embora muita gente não compreenda. Então se eu quero ser livre para escrever o que quiser, assim deve ser a qualquer outro escritor, porque escrevemos querendo que nossas obras sejam lidas e toque ao menos o coração de um leitor que seja. Se fizermos a diferença na vida de uma pessoa, a semente está plantada. Portanto este projeto, Aventura Literária, veio me trazer este presente, permitir que divulgue este blog e compartilhe outras tantas obras literárias através dos livros físicos de outros escritores.

Foto: Conversa com 2º Ano Ensino Médio (CFNSA) 
Fonte: Acervo CFNSA

Foto: Conversa com 2º Ano Ensino Médio (CFNSA)
Fonte: Acervo CFNSA

Foto: Apresentação Projeto Aventura Literária (CFNSA)
Fonte: Acervo do próprio autor


Aventure-se, com livros, sem moderação!

Grande Abraço,

Eduardo Caetano